quinta-feira, 9 de maio de 2013

Áine, a Radiante


Áine, a Radiante

Uma visão geral
     Áine (pronúncia On-ya) foi uma antiga Deusa da soberania na província de Munster, sudoeste da Irlanda. Apesar disso, Ela foi uma importante e bastante poderosa Deusa tutelar, ainda muito honrada e respeitada pelos povos locais até o século XX, e muito pouco é conhecido sobre Ela. É através de fragmentos da história, folclore, lendas e do povo de Limerick que Áine sobrevive até hoje. Ela nunca foi cristianizada, e as tradições (recordadas até os anos de 1970) relacionadas a Ela que eram praticadas, permaneceram inerentemente pagãs.
Cnoc Aine
     Áine é associada com Cnoc Aine, (Knockainey, Condado de Limerick), uma colina com três anéis de montes pequenos em seu topo, agora perdido às memórias das velhas gerações e onde as ovelhas pastam quietamente, no qual foi o centro de cerimônias mais poderoso de Munster. Aqui, os Reis realizavam o Bas Fis, (a cerimônia de coroação) e dentro do mito irlandês, faziam um casamento sagrado com a Deusa tutelar, para assegurar seu reinado. O festival continuou até o século XX.

     Lendas e tradições nasceram ao redor da colina para celebrar Áine como a Deusa do povo. No Samhain, acredita-se que Áine sai de seu sidhe, um monte localizado à leste dos montes pequenos, com o touro vermelho Dela. Os povos locais acendem fogueiras nas colinas próximas em sua honra.

     Outra importante festival era a Véspera de São João (23 de Junho) que era celebrado no Solstício de Verão. Os homens da localidade caminhavam ao redor do topo de Cnoc Aine com tochas (cliar) acesas e então corriam pelo seu gado e campos para conceder boa sorte sobre eles e para o ano. As pessoas entendiam que Aine e seu Sidhe faziam uma procissão igual ao redor do topo e dos anéis nessa noite.
A montanha sagrada de Áine
     Há relatos contando que os mundos mágicos e mundanos se juntavam, e é dito que a própria Aine aparecia para o povo local. Em uma noite de Véspera de São João, Aine apareceu para um grupo de meninas que hesitaram na colina para assistir as festividades.

     Ela as agradeceu pela honra que elas tinham Lhe mostrado, mas pediu para elas irem embora pois seus amigos do Outromundo desejavam a colina para eles. Dizem que Aine puxa Sua capa para revelar um portal para o Outromundo, quando os Sidhe já começam a se juntar na colina.

     Outro relato fala de um ano, quando as pessoas da procissão decidiram não acenderem seuscliars, para mostrar respeito por um homem local que tinha recentemente morrido. Eles descobriram que apesar de sua procissão estar em total escuridão, o povo sobrenatural se reuniu com suas tochas ainda mais brilhantes, para compensar as dos humanos, e Aine foi vista liderando a procissão. Essas histórias são recontadas pelos povos locais e muitas famílias do século XIX que viviam ao redor da colina alegam ser descendentes de Aine, honrando-a e a amando muito. Eles falam Dela em termos humanos como ‘a mulher de melhor coração que já viveu’, apesar dela ainda lembrar-lhes em certas ocasiões a Sua natureza sobrenatural.
O Lago Gur
     A quatro quilômetros de Cnoc Aine fica outro local sagrado da Deusa, o encantado Lough Gur. Tradições orais afiram que Aine não apenas criou o lago, como vive nele. Os povos locais consideram o lago como pertencendo ao sidhe e ‘ninguém desejaria passar uma noite perto do lago, pois é muito medonho e poderoso!’. No entanto, isso nem sempre foi verdade. Nas noites de lua cheia, é tradicional as pessoas doentes serem levadas para as margens do lago, para que a luz da lua brilhe intensamente sobre eles.

     A noite era conhecida como ‘Totalmente Cura’ e se a pessoa não se recuperasse após o oitavo ou nono dia, acreditava-se então que eles escutariam o Ceol Sidhe, um som que Aine cantava para confortar o moribundo. O doente então ‘adormecia’ com o som do choro da Banshee. Até o século XIX, acreditava-se que cada família tinha sua própria Banshee, que podia ser ouvida do lado de fora da casa para escoltar o morto até os Sidhe. Depois de morrerem, as Lamentadoras continuavam a chorar em luto.
Um círculo de pedras nas aproximidades de Lough Gur
     O Lough Gur é pré-histórico e ainda tem sobras de círculos de alojamentos, recintos, afloramentos de cal e cavernas que datam ao período Neolítico. Devido a oferendas votivas descobertas dentro do lado e das cavernas, o lago é considerado um centro Ritual do Neolítico. Aine tem fortes associações com o lago e a paisagem ao redor. Ela se manifesta como uma sereia, como uma mãe de Lughnasa e deidade do Outromundo ligada a Tir na Nog.

     Aine é frequentemente vista na forma de uma sereia, penteando seu cabelo dentro ou próximo do lago. Na metade do século XIX, foi dito que Aine saiu do lago e sentou-se na Surdeachan, uma ‘laje’ de cal também conhecida como o ‘assento da governanta’ para pentear seu cabelo com um pente dourado. No ano de 1971, Tom Carrol afirma que ‘Ela ainda senta na Surdeachan, penteando seu cabelo com um pente dourado e ela faz isso até seu cabelo ficar branco’.
Lough Gur
     Lendas associam a caverna em Knockadoon com Tir na Nog e é dessa caverna que Aine sai para sentar na Surdeachan (também conhecida como a ‘cadeira do parto’) para dar luz em Lammas à Eithne (o nome gaélico para centro ou grão). No folclore, Aine e o deus pagão Crom Dubh são vistos como deidades da colheita. Crom Dubh carrega Eithne (na forma de um feixe) doSurdeachan, pelo lago até um monumento que tem o seu nome. Anualmente, uma boneca de Eithne era feita de cevada, aveia e grãos. Nas lendas, Aine também da a luz a um filho ‘sobrenatural’, Gaeroid Iarla, cujo espírito pode ser visto a cada sete anos nas margens de Lough Gur, que não será libertado até a sola de seu cavalo ficar tão fino quanto as orelhas de um gato! 

Termina aqui o texto do site http://www.goddessalive.co.uk/issue19/aine.html

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A etimologia do nome
     Áine, em irlandês antigo, significa 'radiante, brilho, esplendor, glória, fama', recebendo também o título de 'Leannan Sidhe' ou Fada Amante, dando aos homens dons de cura, sabedoria, inspiração, poesia, música, e amor. 

Locais associados à deusa
O Condado de Limerick,
na foto, o Rio Mulcair
Um Cisne, animal intimamente associado à
Áine
     A deusa é fortemente ligada ao Condado de Limerick. A colina de Knockaine recebe o seu nome e foi o centro de seu culto sagrado na Antiguidade, que envolvia fogos, rituais da fertilidade e soberania, na data do Solstício de Verão e também no Samhain. Ela também é associada com o poço Tobar Áine(Toberanna, no Condado de Tyrone). A pedra conhecida como Cathair Aine, no Condado de Louth, era um lugar onde humanos loucos e o gado eram trazidos para recuperar sua sanidade.

Animais associados à Ela
     Cisne, porca branca, égua vermelha e vaca, podendo também assumir a forma de qualquer um destes. 
Mannanan filho de Lir, marido de
Áine, ou, em outras versões, o pai
Dela.
O parentesco de Áine
     É dito que Áine é a esposa de Manannan mac Lir, ou em outros relatos, a sua filha. Algumas histórias também contam que Áine era a filha adotiva de Eoghabal, irmã adotiva (ou esposa) de Fer Fí, o homem do Teixo, cuja risada bondosa traz boa sorte para aqueles que escutassem. Áine também é irmã de Ghrian e Aife. 

Áine e Ghrían
     Há sete milhas da colina de Áine, há uma montanha dedicada à Ghrian, deusa do Sol, Cnoc Greine. É possível que Aine e Ghrian sejam a mesma deusa, desempenhando um papel sazonal como Cailleach e Brighid. Áine reina na parte clara do ano (an ghrian mór), como o sol vigoroso e forte, e Ghrian na parte escura do ano, (an ghrian bheag), como o sol fraco do inverno. Acredita-se também que Grian seja a deusa Macha 'disfarçada'.  Em minhas práticas pessoais, eu uso essa associação de Áine/Ghrian como Cailleach/Brighid, e nos Solstícios há as 'trocas de reinados', assim como nos Equinócios Brighid e Cailleach devolvem o bastão mágico uma para a outra. 

Datas sagradas à Áine
     O Solstício de Verão, aproximadamente 21 de Junho no Hemisfério Norte, ou 21 de Dezembro no Hemisfério Sul. O Samhain também é sagrado à Ela, assim como a primeira sexta-feira, sábado e domingo do mês, seguido do Lughnassadh. Acredita-se que nesse dia não deve se cortar, uma vez que, como Áine é a energia vital que percorre todos os seres, essa energia vital pode sair com o sangue, consequentemente, matando a pessoa.

Mitologia associada à essa Deusa
     Segundo a mitologia, quando o Dagda estava dividindo as terras para seus filhos, Eoghabal procurou por um pedaço de terra para ele. O Bom Deus lhe disse para pegar a colina conhecida como Collchoile e construir o seu bruigh no ponto mais alto da montanha. Isso foi feito, porém, o povo que morava lá pediu a expulsão de Eoghabal. Eles lutaram ferozmente e não deixaram Eoghabal tomar posse da colina. Áine, que era filha de Eogabhal, e apesar de muito jovem, tinha excelentes poderes mágicos, prometeu vitória para seu pai, se ele colocasse o nome da colina em homenagem à Ela. Eoghaban pensou que esse era um pequeno preço a pagar para ter seu próprio lugar, e então, aceitou. Aine então reuniu seu povo, criando numerosos demônios do Ar para produzir sons medonhos e tenebrosos. Ela fez com que as rochas espalhadas no chão se levantassem e lutassem contra os inimigos, como muitos gigantes guerreiros. Tudo isso colocou grande medo nos povos que habitavam na colina, e estes foram expulsos como folhas ao vento. Áine, Eoghabal e os guerreiros subiram então ao topo do morro, e lá, Áine, proclamou para todos ouvirem, que a colina seria chamada Cnoc Aine a partir daquela hora, até o fim dos tempos.

Um teixo, árvore na qual Fer Fí se escondeu
para seduzir os filhos de Ailill.
      Em um Samhain, Ailill colocou seu gado para pastar na Colina de Áine, e viu que toda grama que o gado comia, era reposta no dia seguinte. Isso aconteceu então três vezes. Ailill então chamou por Ferches, um druida de Leinster, no Samhain seguinte para saber o porquê disso acontecer. Conforme eles dormiam na colina, o povo das fadas saiu da Colina seguidos por Aine e seu pai, Eoghabal, que estavam tocando um timpán(instrumento musical). Na luta, Eoghabal tentou fugir para a colina, mas foi atingido por um dardo lançado por Ferches. Ailill estrupou Áine, e ela com uma faca, cortou a orelha dele, sendo chamado daí por diante de Ailill Ollom (Ailill 'Sem Orelha'). Ailill e Ferches fugiram, porém, como vingança, Áine e Fer Fi, seu irmão, viajaram até Luimnech, e nas margens do rio Maigh, criaram um teixo mágico e colocou Fer Fi dentro, que tocava harpa liberando uma doce e encantadora música. Os três filhos de Ailill viajaram para lá, Mac Con, Cian e Eogan. Mac Con desejou o tronco velho e suas folhas verdes. Cian queria a semente e toda a árvore. Eogan clamou que queria tudo o que crescia na terra e tudo o que crescia abaixo dela. Os três irmãos brigaram, e decidiram consultar o seu pai, Ailill, que deu o teixo para Eogan. Mac Con então desafiou seu pai para uma batalha, e assim foi travada a guerra de Magh Mucrama da Grama Vermelha, causando a morte de todos. Assim, Áine teve sua vingança. 
     Em outra versão, Ailill mata Áine com uma lança, e Fer Fír viaja com seu irmão Aeblean para criar o teixo com encantamento.

Camomila, muito associado com Áine,
assim como a todo o Povo dos Sidhe

O Culto de Áine hoje
     Cores sagradas: vermelho, amarelo, branco, verde e azul.
     Ervas e árvores associadas à Ela: Angélica, Erva-cidreira, Amoreira, Primavera, Sabugueiro, Funcho, Linho, Alho, Artemísia, Urtiga e Carvalho para a Cura. Para a fertilidade, Pilriteiro, Visco e Carvalho. Agrimônio, Macieira, Camomila, Freixo, Angélica, Bétula, Amoreira, Giesta, Sabugueiro, Funcho, Linho, Azevinho, Lavanda, Malva, Visco, Artemísia, Carvalho, Salsa e Funcho para a Proteção.     


Bibliografia
http://www.shee-eire.com/Magic&Mythology/Fairylore/Queens/Aine/Page1.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/%C3%81ine#cite_ref-McKillop2_6-0
http://www.ancientworlds.net/aw/Places/District/358050 
GREGORY, Lady. 'Gods and Fighting Men'. 

Bênçãos da Brilhante Rainha. 

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